Quando eu fazia críticas semanais de cinema para o site ZAZ (hoje TERRA), lá pelo distante ano 2000, escrevi sobre "Arquivo-X". Entre as várias restrições apontadas ao filme, a principal era a sua incapacidade de fornecer informações fundamentais para os espectadores que – como eu – não eram fãs da série. Isso ficou evidente quando o cara atrás de mim riu bastante quando o casal de protagonistas quase se beijou (mas não se beijou), e eu não achei graça nenhuma. Pouco tempo – e centenas de e-mails desaforados – depois, descobri que esse "quase-beijo" era recorrente na trama, a ponto de se tornar um ícone para quem curtia a história na TV. Mas mantive meu ponto de vista: um longa-metragem adaptado – e não interessa se de um livro, de uma peça de teatro ou de uma série televisiva – deve possuir intrinsecamente todos os elementos necessários para sua decodificação. Se parte do público tem informações prévias, ótimo, mas roteirista e diretor devem pensar, antes e sempre, no espectador desinformado. Quando, ontem, fui assistir a "Watchmen – o filme", era inevitável que todo o meu conhecimento – e a minha admiração irrestrita – à obra-prima em quadrinhos de Alan Moore e Dave Gibbons – estivesse atuando no sentido contrário ao que acontecera com "Arquivo-X". Eu lembrava não só de boa parte da história e dos personagens, como também do encadeamento visual de algumas páginas, verdadeiras aulas de narrativa e de decupagem. Provavelmente agora havia um cara na fileira da frente que não sabia nada, e que dependeria apenas do que estava no filme para se divertir. As perguntas, pontanto, eram duas: (1) esse cara vai curtir, mesmo sem ter lido os quadrinhos?; (2) eu, que conheço e sou fã, vou sair sem aquela sensação – tão comum quanto injusta – de que a adaptação não fez justiça ao original? Não posso responder pelo cara na minha frente, mas desconfio que ele curtiu. Por mim, posso responder com absoluta certeza: o filme é sensacional, espetacular, uma obra-prima que nada fica devendo ao original. O nome de Alan Moore não consta nos créditos (sei lá porquê), mas a riqueza de idéias, a complexidade dos personagens, os montes de referências à política internacional, a sofisticação narrativa (cheia de flah-backs), tudo está lá. Que roteiro! Que direção! Desde os créditos iniciais – e que créditos! -, a impressão que tive é de que os realizadores eram tão fãs quanto eu – talvez mais – e não descansaram até obter um resultado irrepreensível, inclusive para quem nunca tinha ouvido falar dos quadrinhos . Nem tudo que está na trama de Alan Moore está no filme (a história do náufrago e de sua jangada de cadáveres, por exemplo, não foi usada), mas isso era mesmo impossível. Contudo, em pouco menos de três horas, a essência foi mantida. Enfim, caro leitor, não espere pra ver o DVD, nem se limite a baixar na internet. Vá ao cinema! Esse filme merece tela grande e som de primeira. Esse filme é muito melhor que o melhor Batman. Esse filme é muito melhor que todos os candidatos ao Oscar desse ano. Esse filme é melhor que a melhor história em quadrinhos de todos os tempos. O Alan Moore deve estar arrependido de não assinar em baixo. Exagero? Vá ver e depois conversamos.
A série musical em sete episódios “Um ano em Vortex” estreia no proximo dia 29 de novembro, na Cuboplay. Na noite anterior, um show histórico, com as sete bandas da série, acontece no bar Ocidente (ingressos à venda no Sympla).
Sessão única de A Nuvem Rosa em Londres! 14 de novembro, com debate com a diretora Iuli Gerbase. Tickets à venda no insta do @cine.brazil
Filmada em 2021, ainda sob os efeitos da pandemia e cumprindo rigorosos protocolos de saúde, a série em 10 episódios “Centro Liberdade” começa a ser exibida pela TV Brasil no próximo dia 19 de julho. Resultado do edital “TVs Públicas”, a série foi escrita e dirigida por Bruno Carvalho, Cleverton Borges e Livia Ruas, com […]
Acesse a entrevista aqui.