John Updike morreu hoje. Li faz alguns minutos na Internet. Estou triste. Comecei ontem – sem saber nada a respeito da doença que o matou (câncer de pulmão) – seu romance "Casais trocados". Li apenas vinte páginas. Parece ótimo, como sempre. É um dos dois que trouxe para a praia. O outro é "O sabá das feiticeiras". Nos últimos anos, li um monte de livros de Updike. Contos, romances e uma auto-biografia. Mas a grande obra é a série "Coelho". Acompanhamos um personagem desde os seus vinte e poucos anos até a sua morte. Conhecemos sua mulher, suas amantes, sua filha que morreu ainda bebê, seu filho viciado em cocaína e crack, sua namorada da infância, seus amigos, sua sogra, enfim, conhecemos a vida de Coelho em seus detalhes mais significativos e mais íntimos. Em março de 2008, neste blog, escrevi um texto chamado "Inadaptáveis – quando a literatura resiste à tela – parte 1", em que eu falo um pouco da impossibilidade de levar certas existências literárias para o plano cinematográfico. Ainda não escrevi as partes 2 a 5, em que eu pretendo falar, além de Updike (a série "Coelho"), de Homero ("Ilíada"), de Joyce ("Ulisses") e de Érico Veríssimo ("O tempo e o vento") . Um dia vou escrever. Não vai ser hoje. Não tenho pressa. Hoje queria apenas deixar registrada a minha tristeza e o minha vontade de ler tudo que esse cara já escreveu. Minha identificação com suas tramas é completa. Suas paisagens suburbanas, seus casais em crise, sua capacidade de chegar ao íntimo de cada personagem, revelando heroísmos acidentais e covardias perdoáveis – às vezes em rápida seqüência -, parecem amostras perfeitas de nossa constituição mais essencial. Dos meus quatro autores inadaptáveis, era o únivo vivo. Não é mais. Mas esse é um detalhe. Morrer, todo mundo morre. O que importa é viver fazendo o que se gosta e tentando deixar uma marca, não importa em que atividade. Quando Coelho morreu, no quarto e último volume da série, eu chorei. Quando soube da morte de Updike, senti um aperto no coração. Talvez chore à noite, antes de dormir. Não tenho pressa. Não vou esquecer tão cedo de Updike.
A série musical em sete episódios “Um ano em Vortex” estreia no proximo dia 29 de novembro, na Cuboplay. Na noite anterior, um show histórico, com as sete bandas da série, acontece no bar Ocidente (ingressos à venda no Sympla).
Sessão única de A Nuvem Rosa em Londres! 14 de novembro, com debate com a diretora Iuli Gerbase. Tickets à venda no insta do @cine.brazil
Filmada em 2021, ainda sob os efeitos da pandemia e cumprindo rigorosos protocolos de saúde, a série em 10 episódios “Centro Liberdade” começa a ser exibida pela TV Brasil no próximo dia 19 de julho. Resultado do edital “TVs Públicas”, a série foi escrita e dirigida por Bruno Carvalho, Cleverton Borges e Livia Ruas, com […]
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