Em 77 estava na UFRGS fazendo o meu primeiro filme, “O Francês”, na cadeira de cinema. O professor Sérgio Rosa deu o tema coletivo para a turma filmar, a partir de um anúncio de jornal em que um francês, que vinha trabalhar no Brasil, desejava trocar de residência com um brasileiro pelo mesmo tempo de utilização. Os alunos deitaram e rolaram na piração do que aconteceria com o francês quando chegasse a Porto Alegre. Filmado em super-8, nosso grupo jogava o francês nas malocas porto-alegrenses, enquanto um possível carroceiro ia para Champs Elysees. No filme (desaparecido até hoje depois de eu ter revirado a Fabico inteira), fiz produção, atuação como o motorista que pega o francês, figurino e eletricidade.
Se há 32 anos, esta pioneira idéia francesa pareceu tão incrível, a ponto de revolucionários estudantes (nos achávamos) fazerem um filme a respeito, hoje é muito comum na Europa a prática de “change-maison”. Este comportamento, ecológico e economicamente correto, leva muitos a trocar entre si suas casas e apartamentos sem burocracia, sem a mesmice dos quartos de hotéis e com a possibilidade de ir para lugares exóticos, com a organização que proporciona uma casa aconchegante.
Já uma prática que não “change jamais” em Porto Alegre e no mundo ocidental são os aniversários infantis. Pensei que, quando minhas três crianças crescessem, eu estaria livre deste costume excessivamente barulhento e com consumo absurdo de açúcar e de refrigerantes. Mas sempre têm os queridos sobrinhos, afilhados e mais um pouco, os netos. Eu adoro criança e festa de adulto, mas festa de criança é para criança e deveria se restringir às escolinhas apenas. Os pais mandariam o bolo, os presentes, e a tia da escola resolveria a farra dentro da própria sala de aula. Os coitados dos pais e mães acabam tendo que acompanhar o filho para um lugar quase sempre abafado e pequeno para o ilimitado universo infantil, com muita criança correndo e gritando ao mesmo tempo. Não é possível conversar minimamente com os outros pais com o som das músicas e dos gritos. Tu acaba comendo muito mais negrinho do que a tua saúde permite e tomando um monte de refrigerantes nocivos.
No meu cotidiano, não se trata apenas de vez por outra ir a uma festa infantil. Tenho trauma de alguns fins de semana, principalmente nos finais de ano, onde eu cheguei a ter 5 festas diferentes para levar 3 crianças. Teve um dia que eu me atrapalhei com os nomes das 50 Marianas, Júlias, Vitórias, Fernandas, Mateus, Tiagos, Guilhermes, Rodrigos, etc, presentes em todos os colégios da cidade. Olhando o envelope dos convites, que não diziam qual filha estava convidada, troquei duas colegas chamadas Sofia. Com pressa, no meio de uma gravação, larguei minhas duas filhas menores na festa errada. Me localizaram pelo celular. Tive de buscá- las quando já estavam chorando, pois demorou para entender como aconteceu a confusão e de quem elas eram filhas. Elas saíram sem comer os negrinhos e tomar refri. Com tantas possibilidades de nomes no mundo, por que escolhem sempre os mesmos?