A Câmara Municipal de Porto Alegre aprovou uma mudança – pequena, dizem os que votaram SIM; monstruosamente grande, dizem os que votaram NÃO – nas regras para edificações na área do antigo estaleiro Só. Eram permitidos apenas prédios comerciais, e agora também podem ser construídos prédios residenciais. Faço duas perguntas. Quanto vale (em milhões de reais) essa mudança para os proponentes do projeto? E quanto vale (sem usar moeda alguma, o que impede uma comparação matemática) essa mudança para Sofia, que ficará sem ver o rio, atrás dos prédios residenciais, quando passa de ônibus? Não sei responder a primeira pergunta. Vou arriscar na segunda. Quando o sol estiver se pondo, bem ali, e Sofia não puder assistir ao espetáculo, ela vai dizer: "Que pena". Só isso. "Que pena." Assisti, muito interessado, aos debates finais na Câmara antes da votação. Ouvi, durante mais de uma hora, pronunciamentos de baixíssimo nível. Xingamentos, agressões, trocas de acusações infantis, rasteiras, e, às vezes, vergonhosamente populistas. Argumentação de verdade, nenhuma. Imagino que as sete emendas tenham sido incluídas com a melhor das intenções. Acredito que a amostra parcial que eu tive do debate não espelha o que ele foi na sua íntegra. Conheço vereadores e vereadoras que estão muito acima do nível escabroso dessa hora final de sessão. Mas acredito também que a Sofia não gostou do resultado. Murmurou um "Que pena", enquanto os proponentes do projeto estão comemorando até agora. O tempo da democracia representativa nos municípios já acabou. Foi bom enquanto durou, mas chega. A Sofia precisa se manifestar, precisa ter uma voz, em vez de ser representada por um(a) vereador(a). As tecnologias para fazer isso já existem. Se posso me comunicar facilmente com alguém do outro lado do planeta, enviar fotos, vídeos, ou qualquer outra coisa que vire digital, então a Sofia também pode mandar sua opinião e seu voto sobre um projeto que vai impedi-la de ver o pôr do sol. Votações como a de ontem mostram que a Câmara Municipal é de uma total inutilidade. Não se trata de rejeitar uma decisão que é contrária à minha opinião. Gosto de democracia. Mas não desse tipo de democracia, que transforma Sofia num fantasma. A Sofia existe. A Câmara Municipal não precisa mais existir. E não vou nem dizer "Que pena".
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