Distorções na genitália

É chato dizer, mas eu avisei: o uso de imagens de TV para denunciar e depois punir (na noite do dia 15/10/2008) os jogadores do Grêmio por lances acontecidos no jogo com o Botafogo é um absurdo completo. Diz o procurador do STJD, Paulo Schmitt, tentando explicar o que aconteceu: "As imagens não são utilizadas para desautorizar o árbitro, mas para corrigir distorções. Isso não é contra ou a favor de Grêmio ou Palmeiras. Nós temos a obrigação de denunciar. Ah, o árbitro deu amarelo. Problema é do árbitro, que provavelmente estava mal posicionado. É preciso respeitar a posição das comissões disciplinares – encerra." (CLICRBS, 16/10/2008) Neste blog, escrevi, no dia 22/09/2008, que "Qualquer um deles – operador de câmera, suíte ou diretor – pode oferecer ao sr. Paulo Schmitt um relato parcial e tendencioso de uma partida de futebol. Qualquer um deles pode decidir um campeonato trabalhando pela condenação de determinado jogador, obtida por imagens de sua conduta cuidadosamente coletadas e selecionadas – ao vivo – durante 90 minutos. Anotem aí: isso vai acontecer em breve. Se é que não está acontecendo agora. Não é paranóia, nem teoria da conspiração. É apenas o estatuto ontológico das imagens técnicas, conhecido desde o tempo de Henry Peach Robinson. Só acreditam nelas os ingênuos, ou seja, quase todo mundo, incluindo o sr. Paulo Schmitt." Agora, o procurador e os juízes do STJD usaram imagens de câmeras de TV que flagraram, entre outras coisas, que o Morales "pegou na genitália" de um jogador do Botafogo. Ninguém viu isso no campo. O juiz não viu. Todo mundo viu uma falta violenta, que deu origem a um cartão amarelo. Segundo o procurador, o juiz estava "mal posicionado", enquanto a câmera, por dedução, estava "bem posicionada". O que o sr, Schmitt não sabe, ou não quer saber, é que a câmera não é um ente acima de qualquer suspeita, não sabe, ou não quer saber, que ela faz um discurso sobre o jogo, e que esse discurso depende de ordens humanas. Enfim, não vou repetir tudo que já escrevi. Se, a partir de agora, imagens eletrônicas fabricadas por empresas (sobre as quais não há qualquer controle, além da frágil "ética profissional") forem usadas como provas de acontecimentos que ninguém viu, o futebol passa a ser outra coisa. Todo mundo terá direito (inclusive os clubes!) de posicionar câmeras em determinados jogadores, durante 90 minutos, e o procurador passará todo o seu tempo fazendo denúnicas, que surgirão em todos os jogos, às dezenas. Vai dar trabalho pra ver todas essas imagens que "corrigem distorções", sr. Schmitt, mas pode esperar, que as câmeras já estão a postos. Em breve, as genitálias futebolísticas estarão em todos os lares e tribunais brasileiros.

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