Há muitas coisas positivas no fracasso: ninguém vem te pedir dinheiro, ninguém te telefona de madrugada pra dar os parabéns, ninguém fica morrendo de inveja e te desejando o mal. O mal já está feito. Depois do mal, quase sempre vem o bem. Ou mais fracassos; não importa. Os fracassados têm um futuro radiante à sua frente: podem se erguer da lama e rastejar outra vez à procura do sucesso. Encontrando um novo fracasso, é claro. Mas, e daí? Fracassar várias vezes, como um sujeito perseverante, que não se deixa abater, é melhor que fracassar uma vez só, coisa de quem não tem força interior. Um fracassado fica com aquele ar abatido, triste, carente, que desperta o instinto maternal das mulheres e facilita novas aventuras amorosas. O homem de sucesso, ao contrário, com aquele sorriso brilhante, rodeado de bajuladoras siliconadas, terá enormes dificuldades para descobrir quem está sinceramente interessado nele e quem está querendo tirar uma casquinha do sucesso alheio. O homem de sucesso está acuado por um bando de chatos que dizem que o admiram, mas, na primeira queda, não hesitarão em chamá-lo de fraude. O fracassado curte a solidão a dois, pois sempre terá alguém disposto a consolá-lo. Como? Você é um fracassado e não tem ninguém que o console? Aí já é incompetência demais. Como em todas as situações da vida, é preciso um pouco de talento e perseverança. Um verdadeiro fracassado não se deixa abater. É preciso colocar o fracasso em seu devido lugar: no fundo. Um fracassado é como uma ação na bolsa que despencou absurdamente e que agora está com um preço muito convidativo. Quem investe num fracassado de hoje pode ter grandes lucros amanhã. Artistas geniais foram grandes fracassados. Van Gogh nunca vendeu um quadro. Mozart morreu miserável e foi enterrado em vala comum. Você prefere a companhia de quem? De Van Gogh e de Mozart, ou do débil mental que ganhou milhões produzindo o filme “O solteirão de 40 anos”? Pense bem, querido fracassado. Você pode se suicidar, como fazem muitos fracassados, mas aí não vai aproveitar o melhor do seu fracasso: a cara dos bem-sucedidos quando perceberem que você está vivo, acompanhado de uma bela mulher (que o consola), bebendo com os amigos do peito (e só amigos muito verdadeiros bebem com um fracassado), sendo comparado a Van Gogh e Mozart, e especulando qual será a sua próxima jogada em busca do sucesso. Que pode vir, ou pode não vir. E daí? O homem de sucesso só conhece o pavor de fracassar e vive numa perpétua ansiedade. Quer coisa pior? Deus te livre. Você é um fracassado e acha que está deprimido? Depressão não existe. Foi inventada pelos psiquiatras bem-sucedidos para encher seus consultórios à procura do sucesso financeiro, que, como eles mesmos proclamam, não vai curá-los da depressão. Não dê esse gostinho pra eles. Muito melhor que se entupir de antidepressivos é desfrutar, sem culpa, o doce sabor do fracasso. E rir dele. Um fracassado bem humorado se lambuza com a vida em toda a sua esplendorosa injustiça.
A série musical em sete episódios “Um ano em Vortex” estreia no proximo dia 29 de novembro, na Cuboplay. Na noite anterior, um show histórico, com as sete bandas da série, acontece no bar Ocidente (ingressos à venda no Sympla).
Sessão única de A Nuvem Rosa em Londres! 14 de novembro, com debate com a diretora Iuli Gerbase. Tickets à venda no insta do @cine.brazil
Filmada em 2021, ainda sob os efeitos da pandemia e cumprindo rigorosos protocolos de saúde, a série em 10 episódios “Centro Liberdade” começa a ser exibida pela TV Brasil no próximo dia 19 de julho. Resultado do edital “TVs Públicas”, a série foi escrita e dirigida por Bruno Carvalho, Cleverton Borges e Livia Ruas, com […]
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