Ao "bem-estar vivendo" nestes pagos gelados, vou tentar não me contaminar total pela bourgeoisie. O discernimento é difícil, mas ainda possível. Exceção para um pequeno comentário sobre queijos e chocolates ao final. Justamente estou proibida de comer queijo e chocolate , pelo aumento do colesterol, triglicerídeos e pelo intestino trancado. O proibido, somado à qualidade, sempre chama a atenção. Além do que, eu poderia passar todo o tempo comendo queijo e chocolate e mais nada. Fico pensando bobagens para aliviar: se eu sempre fizer coisas erradas à saúde, os anti-corpos estarão sempre atentos. Se eu ficar limpa demais, eles podem se distrair, e eu serei bombardeada. É bom não dar moleza para esses micro-organismos, para eles não ficarem se achando.
Apesar da nevasca ter sido cruel para muitos, para mim, da janela de uma zona rural ao lado da metrópole, ela veio silenciosa e lenta, como o voile de uma deusa, se espalhando pelos gramados e colinas, deixando os Alpes ainda mais majestosos. À noite fez menos 15, mas ainda assim passei muito menos frio que na úmida Porto Alegre. As estações de ski estão cheias de gente feliz sacudindo as perninhas nos teleféricos e se jogando com tudo morro abaixo.
Troquei um pouco Schubert , por quem estava addicted, por Schumann. Quando estudei Schubert, junto estudei Schumann, numa escola pública gaúcha, onde também estudei francês, que é muito útil agora. Unbelievable, isto tudo no RS, numa pequena escola estadual, onde ainda se estudava o remanescente do clássico, como por exemplo: filosofia, música erudita, francês e, principalmente, português. E o que é melhor: tudo de graça. O português tem suas peculiaridades interessantes: em qual outra língua, temos esta diferença tão importante entre ser e estar? To be e être não tem esta sutileza. "Eu sou feliz" é completamente diferente de "Eu estou feliz". Hoje, na rede pública brasileira, nem português, nem matemática, muito pouco de tudo. Fiz um vídeo recente para a Feevale, em que se pede aos alunos: "Por favor, façam engenharia, porque a matemática não é o bicho-papão." O Brasil não está formando engenheiros na quantidade suficiente. Todos só querem fazer direito e publicidade. Muitas empresas não estão vindo para o país, e principalmente para o estado, porque não temos engenheiros capazes. Triste. Ninguém sabe calcular. E as vilas estão cheias de gurizada que é boa de cálculo. Só precisa garimpar e lapidar.
No super-mercado deste bairro suíço, onde no setor de higiene se vende de Chanel à Kiehl's, a promoção do mês são taças cheias e gratuitas de Moet Chandon Rosé Brut , servidas por atendentes lindas. Tem que puxar o freio em tudo. Nos latícínios, os suíços consideram como verdadeiro queijo o gruyère, mas, para colonas que nem eu, os cremosos chamam muito a atenção, como o Saint Marcelin de Lyon, o camembert com trufas e, de sobremesa, o cremoso com fambroesa . Todos são irresistíveis. Os chocolates expostos nas chocolaterias dão água na boca só de olhar. Preferência para os macarons, eclairs e quiches de chocolate. O Lindt suíco, que tem até no Zaffari, ainda é o melhor de super-mercado. Aqui tem 50 tipos diferentes de Lindt , incluindo o mousse .
O ano novo foi na beira do lago Leman, e o melhor filme até agora foi o Avatar. Vou parar por aqui, antes que vocês pensem que eu fui contaminada pela burguesia européia, e ir logo para Paris (fazer dieta).