Filmar nos finais de semana é comum no cinema. Normalmente, num longa-metragem são seis dias de trabalho, seguido por um dia de descanso. A diária típica é de 10 horas no set, ou 12 horas “porta a porta”, contando uma hora de deslocamento na ida e na volta. E tem mais: raramente o dia de descanso é num fim de semana. Em BIO, nossa folga foi numa quarta. Pra quem acha que o mundo do cinema é feito somente de glamour e diversão, esses fatos talvez sejam decepcionantes. Bem-vindo ao cinema de verdade! Também é comum que, devido a circunstâncias imprevistas, a diária passe das 10 horas (o que ainda não aconteceu em BIO). Nesse caso, a produção negocia com a equipe uma compensação, diminuindo a carga horária de uma diária próxima.
Resumindo, é trabalho duro, com um objetivo claro a ser perseguido: cumprir o que está no cronograma. Por isso eu costumo dizer para estudantes que se dizem “apaixonados pelo cinema”: “Vocês não vão namorar com ele. É melhor se preparar para uma relação profissional, e não para um casamento.” O que não impede, é claro, que a paixão exista. E também não impede que haja glamour e diversão. O primeiro, fabricado artificialmente com todas as ferramentas possíveis. A segunda, derivada naturalmente das relações pessoais que vão se estabelecendo no dia a dia do set, entre motoristas, eletricistas, maquinistas, o pessoal da alimentação, os assistentes de produção, o elenco, a equipe técnica e artística.
Neste sabadão, trabalhamos muito (e nos divertimos nos intervalos) para fabricar glamour. De manhã, filmamos uma cena do epílogo com a personagem interpretada pela atriz Nadine de Oliveira. Nadine iniciou sua carreira no curta “Amores passageiros”, de Augusto Canani. Ela fazia o papel de um cadáver. Um cadáver jovem e atraente, mas um cadáver. Depois, no curta “Folha em branco”, de Iuli Gerbase, ela passou para o mundo dos vivos, interpretando uma garota que fica presa num elevador com um entregador de pizza. Em BIO ela faz uma atriz carioca. A cena do epílogo envolve desejo e sedução. Como sempre, vocês ficam somente com o close. No filme, garanto, há muito mais. No começo da tarde, fizemos a entrevista com Nadine, que – gaúcha morando no Rio há algum tempo – teve que dosar os seus “esses” e “erres” interestaduais para encontrar a carioquice necessária, mas sem exageros. A diferença visual da Nadine do epílogo à entrevista é um bom exemplo do poder transformador do cinema.
À tarde foi a vez de nos divertirmos com o charme e o talento de Deborah Finocchiaro. Experiente, segura e muito bem-humorada, Deborah é sempre garantia de uma interpretação ao gosto do diretor. Ela sabe como poucas (e poucos) dosar o nível da interpretação. Quer realismo? Pede pra Deborah. Quer fantasia? Pede pra Deborah. Ela está fazendo sucesso nos palcos há alguns anos, e deveria ter feito muito mais filmes em sua carreira. Em BIO, vive uma produtora e preparadora de elenco, ou seja, alguém que trabalha descobrindo e lapidando talentos. Filmamos em aproximadamente uma hora e meia, sem maiores percalços, e ainda improvisamos bastante. E pronto! Tava todo mundo cansado. Quem vai se atrever a ir pra noite e enfiar o pé na jaca? Amanhã, domingo, oito e meia da manhã, saberemos… Quer fazer cinema? Te prepara: alguns fins de semana da tua vida vão mudar.
A série musical em sete episódios “Um ano em Vortex” estreia no proximo dia 29 de novembro, na Cuboplay. Na noite anterior, um show histórico, com as sete bandas da série, acontece no bar Ocidente (ingressos à venda no Sympla).
Sessão única de A Nuvem Rosa em Londres! 14 de novembro, com debate com a diretora Iuli Gerbase. Tickets à venda no insta do @cine.brazil
Filmada em 2021, ainda sob os efeitos da pandemia e cumprindo rigorosos protocolos de saúde, a série em 10 episódios “Centro Liberdade” começa a ser exibida pela TV Brasil no próximo dia 19 de julho. Resultado do edital “TVs Públicas”, a série foi escrita e dirigida por Bruno Carvalho, Cleverton Borges e Livia Ruas, com […]
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