Ai, se eu te pego, meu juiz alucinante

Sou Deise M,  34 anos. Graças a Deus, sou casada com um jogador de futebol rico. Moramos na Árabia Saudita, com nossos três filhos. Temos cinco  empregados, entre eles um motorista bilingue, uma babá noturna, que atende as crianças na madrugada, trocando fralda, acalmando e ministrando os antibióticos. Também uma lavadeira  que cuida dos ternos dele. Tenho um cartão Visa Infinite que me permite fazer compras de até  25 mil dólares mensais, sem autorização do Negrinho.

 

Mas, num raio de um “barbecue”, um tipo de churrasco com carne de carneiro que comi em Abu Dhabi, acabei conhecendo um juiz de futebol. Uma categoria que sempre tive o maior desprezo e que muito já xinguei, quando roubaram algum lance do Negrinho. A questão é que esse juiz é lindo, charmoso, inteligente e muito disposto. Me apaixonei muito e, desde este dia, quando o Negrinho excursiona, a gente dá um jeito de se encontrar, em Dubai, Milão e na última vez em Nova Iorque.

 

Quais as vantagens de namorar um juiz de futebol em comparação com um jogador? O juiz não precisa ficar na concentração, pode tomar caipirinha comigo, tem a mesma preparação física de alguns grandes jogadores e  o melhor: eu sou a amante e não a mãe dele! Desvantagens: o salário dele não é nem de perto o salário do Negrinho, mesmo ele já sendo da  FIFA. O Negrinho, cada vez que troca de clube, ganha tanta grana que eu fico pensando: onde vou gastar? Já tenho todas as cores de bolsas Louis Vuitton da última coleção, um Rolex com diamantes e topázio e um Audi TT.  Já conheço praticamente o mundo todo.

 

Impagáveis são as noites com o meu árbitro. Meu querido diário, vou ter que encerrar. Meu I-Phone está tocando e pelo toque (consegui baixar “Ai se eu te pego” do Michel Teló), eu sei que é ele. Assim você me mata, meu juiz alucinante. Já sei que ele vai dizer que nesta semana não vai dar porque ele foi chamado para discutir com o seu agente a possibilidade de apitar a Libertadores. Ele também tem assessor de imprensa, coisa chique. Este assessor já está tentando descobrir a minha existência, mas nós sabemos ser discretos.

 

Eu ainda amo o Negrinho. Não sei o que me leva a fazer o que estou fazendo. Não tenho sentimento de culpa. Ele já me aprontou uma boa com a atendente da lojinha do clube e talvez algumas outras que nem sei. Mas a vida é assim, um impedimento num dia e um gol de bicicleta no outro. 

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