Para fechar o rosário de reclamações sobre as metrópoles, vou contemplar a minha cidade natal e dar algumas pinceladas nos barrigas verdes. Os problemas de Porto Alegre parecem aumentandos quando não existe a possibilidade de dizer: É ruim, mas estou indo pra Santa Catarina no fim de semana. Aqui não está chovendo como lá, em compensação o calor escaldante e úmido de mais de 30 graus na sombra já chegou e é apenas novembro. É visível que os dois estados, RS e SC, estão completamente ralados daqui pra frente com o derretimento do pólo sul, nosso vizinho. Vai ser chuva, seca, inundação, vendavais, ciclones e tempestades fortes muitas vezes ao ano. Desde criança, eu e meu irmão gostamos de observar as nuvens e o clima em geral, sempre olhando o céu das sacadas, janelas ou qualquer mirante que nos apareça. O jeito de entreter a ferinha do menino era botá-lo no colo e mostrar o formato das nuvens de uma pequena sacada em que ficávamos na tardinha. Seguindo em frente as janelas, na semana passada à noite, antes das chuvas mais fortes catarinenses, avisei o resto da família no apartamento para que fechasse tudo, pois vinha um chuva muito "preta". As nuvens começaram a chegar e eu segui olhando o céu, o que para mim tem um encantamento macabro como andar num trem fantasma. Não era o céu da "Guerra dos Mundos", mas novamente aconteceu um fenômeno, que já tinha observado uma outra vez. Nuvens muito grossas e muito numerosas passaram todas não muito acima de nós, movidas por correntes de ar fortíssimas vindas do sul e não derrubaram nenhum pingo em Porto Alegre. Esfriou muito rápido, caracterizando uma frente fria vinda do extremo sul. Isto poderia parecer um acontecimento normal, passar nuvens e não chover, mas nesta região não acontecia isto, nos meus quase cinqüenta anos de vida, com toda esta intensidade. Onde devem ter ido parar estas nuvens? Certamente em Santa Catarina. Do céu para as ruas gradeadas da cidade, onde o simpático prefeito e sua esposa cantam "Porto Alegre é demais", vamos ter que conviver com mais quatro anos de mediocridade administrativa e com uma câmara de vereadores que gosta de espigas de milho bem douradas. Nas sinaleiras, os motoristas interagem com uma infestação de entregadores de papel de propaganda poluidora, com impressões em tintas caríssimas e papel não reciclado. Com vendedoras de jornais que são chamadas nos carros para levar cantadas de motoristas ou ficar de papinho, por consumidores de crack ou cachaça que pedem qualquer moeda que estiver ao alcance, com sacos de frutas, malabarismo e estátuas vivas. Das ruas da cidade, cobertas de anúncios publicitários, para os parques, onde se poderia descansar do trabalho cruel da semana inteira, a situação piora muito. O som amplificado, que deveria ser banido no total por responsáveis pelo meio ambiente minimamente competentes, é estimulado. Os carros de propaganda eleitoral desapareceram, mas a situação não melhorou. Ao invés de se ouvir os lindos acordes de cantores e músicos que levam seus instrumentos para os parques , tu é obrigado a ouvir som de locutores malucos com microfones potentes, que tentam estimular a população a comparecer nas atividades propostas, como se o parque fosse uma grande aula de aeróbica. É promoção de bancos, empresas privadas, secretarias, rádios, militares, que espero esteja rendendo milhões para a prefeitura. Agora ainda apareceram supostos índios amplificados, que se apresentam na Redenção com um som de flautinhas paraguaias, repetindo quinhentas vezes no fim de semana sua pobre performance. A noção de silêncio foi perdida, com uma população que não consegue mais morar em casas que não tenham a televisão ligada com gente falando besteira o tempo todo. Pra este amargor ter final feliz, posso dizer que mesmo assim tenho o maior carinho por esta cidade e por seus moradores. Não vou nem entrar na questão da violência para não entristecer. Tenho esperança que o Araújo Vianna deixe de ser latrina e volte aos bons tempos de shows, com ou sem cobertura. Que o Guaíba seja despoluído, que sejam construídos ciclódromos por toda a cidade, que haja comida, educação e emprego para todos. E que o Grêmio seja bicampeão do Mundo!
A série musical em sete episódios “Um ano em Vortex” estreia no proximo dia 29 de novembro, na Cuboplay. Na noite anterior, um show histórico, com as sete bandas da série, acontece no bar Ocidente (ingressos à venda no Sympla).
Sessão única de A Nuvem Rosa em Londres! 14 de novembro, com debate com a diretora Iuli Gerbase. Tickets à venda no insta do @cine.brazil
Filmada em 2021, ainda sob os efeitos da pandemia e cumprindo rigorosos protocolos de saúde, a série em 10 episódios “Centro Liberdade” começa a ser exibida pela TV Brasil no próximo dia 19 de julho. Resultado do edital “TVs Públicas”, a série foi escrita e dirigida por Bruno Carvalho, Cleverton Borges e Livia Ruas, com […]
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