O que falta em “The Pacific”?

Tá faltando alguma coisa em “The Pacific”, monumental série de TV produzida por Steven Spielberg, Tom Hanks e Gary Goetzman, que terminei de ver há pouco. Sou fã de carteirinha de “Band of brothers”, produzida pelo mesmo trio, cujo sucesso planetário levou a “The Pacific”, uma continuação em outro cenário dos dramas de soldados anônimos que lutaram pelos Estados Unidos na Segunda Guerra. As semelhanças são muitas: produção caríssima e impecável, excelentes atores, cenas de combate com efeitos especiais devastadores, roteiros que vão construindo vários personagens importantes (sem que nenhum deles seja exatamente um protagonista), alternância entre sequencias de ação e episódios intimistas.

 
Mas tá faltando alguma coisa em “The Pacific”. Talvez sejam aqueles depoimentos de veteranos de guerra, em tom documental, que abriam os episódios de “Band of Brothers”. Lembro da minha emoção quando vi, no último capítulo, a relação entre os personagens da série e as pessoas reais. Mas não é só isso. No final de "The Pacific" um efeito semelhante acontece, com o uso de fotos dos combatentes reais que inspiraram os roteiristas.
 
Qual é a diferença entre uma obra que me deixa “impressionado” (como “The Pacific”) e uma que me deixa realmente “emocionado” (como “Band of brothers”)? Pensei um pouco a respeito e, no caso em questão, a única explicação parece ser que a série original tinha um frescor estético que a continuação não tem.
 
O que é executado pela primeira vez parece adquirir uma qualidade difícil de explicar com palavras. Quando eu gravava as músicas dos Replicantes em estúdio, várias vezes tinha a impressão que o primeiro “take” era o melhor, mesmo que ele não fosse perfeito tecnicamente falando. Quando dirijo um ator no set, é comum que a primeira tomada me pareça a mais natural, a mais expontânea, e quanto mais ela é repetida mais automática e artificial ela fica. Mas isso contradiz outra verdade: que sempre é bom trabalhar mais, fazer várias vezes, aprender com os erros, insistir até a perfeição (ou até chegar perto dela).
 
Enfim, o que falta a “The Pacific”? Será mesmo o simples fato de que eu já tinha visto uma coisa parecida? Isso contradiz uma clara tendêndia do cinema mundial e brasileiro: o sucesso das continuações. Nunca tanta gente foi ao cinema para ver mais do mesmo.
 
Estou confuso. Por favor, me ajudem: o que falta a “The Pacific”? 
 
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