Já ouvi de alguns atores e atrizes o comentário de que é difícil entrar nas “panelinhas” de elenco de alguns produtores e diretores. “São sempre os mesmos…”, ou “Nunca me chamam pra testes”. É claro que podem existir panelinhas no cinema, como em qualquer outra atividade, mas garanto que não é o meu caso em especial, muito menos o da Prana Filmes. Gosto muito de chamar artistas com quem ainda não trabalhei. Basta que sejam talentosos e estejam disponíveis. Ontem filmamos com Elisa Heidrich, com quem eu nunca tinha estado num set. E BIO tem mais 12 “novidades” (pelo menos para mim): Charlie Severo, Giulia Goes, Guilherme Cury, Júlia Bach, Léo Ferlauto, Luisa Horta, Luiza Ollé, Marco Ricca, Mateus Almada, Tainá Müller, e as crianças Enzo e Milena. Alguns destes foram selecionados em testes. Se é uma “panela”, é bem grande. Quem sabe um “panelão”.
Por outro lado, tanto produtores quanto diretores também gostam de convidar velhos conhecidos, de outros filmes e outros carnavais. Já há uma cumplicidade, um conhecimento mútuo, que ajuda na construção do personagem e na mecânica do set. Hoje tive o prazer de filmar com dois atores que estão na minha galeria de “preferidos”. O primeiro, pela manhã, foi Felipe Kannenberg, o protagonista de “Menos que nada”, nosso longa lançado em 2011. O segundo, à tarde, foi Carlos Cunha, com quem já filmei tantas vezes que nem vale a pena listar. O Cunha é parte da história do teatro, da TV e do cinema gaúchos. Ator que, depois de compreender o personagem e encontrar sua voz, pode modular o nível de interpretação com uma facilidade impressionante.
Mas vamos começar com o Felipe. Ele vive um pastor luterano que é diretor de um colégio em Viamão, onde nosso heroi dá aulas de Biologia na década de 1990. Vestido a rigor pela dupla dinâmica dos figurinos, Rô Cortinhas e Cacá Velasco (essas duas também está na minha agenda faz tempo…), o Felipe usou um pouco sua própria vivência – sua família é de origem alemã e mora no Vale dos Sinos, onde predomina a cultura germânica – para compor o personagem. Depois de algumas experimentações com o sotaque (mais forte, mais leve, quase sem sotaque) achamos o ponto e gravamos muitas alternativas. Esse pastor funciona como um espelho dramático (e, de certa forma, histórico) do padre católico que será interpretado pelo Léo Ferlauto daqui a alguns dias. Antes do meio-dia já estávamos prontos. Danke, Felipe!
O Cunha faz o sogro do nosso heroi. Tínhamos que compor um sujeito duro, bem desconfiado, que viu sua filha casar-se com um estudante de biologia que passava quase todo o seu tempo observando bugios nos morros de Viamão. Nos ensaios, há mais de um mês, “achamos” a voz do personagem, a sua maneira de falar e de gesticular. Foi só variar os enquadramentos e filmar frase a frase. Acho que a melhor maneira de se relacionar com os atores (e tirar deles o que se quer) é descobrir como eles rendem melhor. Em BIO, tivemos experiências com “monólogos” de cinco minutos, sem interrupção, e atores que fazem fala a fala – cada uma com 15 segundos, no máximo. O que é melhor? Depende do artista. Eles é que fazem o filme andar. Eu só pavimento a estrada.
Finalmente, uma palavrinha sobre o trabalho dos figurinos, que está ligado de forma íntima com a direção de arte e com a maquiagem (na foto da Rô com o Felipe, a Britney Federline está retocando a maquiagem enquanto a Rô arruma a gola). Não é fácil conceber e disponibilizar mais de 50 figurinos diferentes num filme de baixo orçamento. E o filme começa em 1958 e termina em 2070… Enfim, é um desafio grande, que faz vergar as araras da salinha de figurinos, mas está contribuindo, e muito, com a narrativa de BIO. A vantagem da Rô e da Cacá é que, experientes como são, sabem onde encontrar o que precisam. Danke, meninas! E vamos em frente!
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Sessão única de A Nuvem Rosa em Londres! 14 de novembro, com debate com a diretora Iuli Gerbase. Tickets à venda no insta do @cine.brazil
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